sexta-feira, 8 de julho de 2011

Uma reflexão acerca da Liberdade.

Talvez porque eu não tenha refletido que algo que não se sustenta em períodos de "repouso", não pode se não ter sido mal fundado em algum momento de sua dada construção, por força da circunstância ou por certa impossibilidade de mais forte se fazer ou ser tão pura e simplesmente. Há que se pensar nisso.
Talvez ainda a idéia de construção dê às coisas ou aos objetos consagrados pelo desejo e pela vontade, virtudes alimentadas pelo sonho humano, uma certa estaticidade às conquistas já findas e que nos restam preservar, que assim nos abale o perigo de que a brisa primeira as destruam, as levem,e nos provem que na arte de construtor, devamos em algum ponto ter falhado.
Algumas imagens um pouco estranhas são marcas do que o desejo e o sonho tem de tão dual, como por exemplo, a imagem de liberdade.
A liberdade! O que sérá a liberdade? Certa vez vi em um filme, um curta chamado Ilha das Flores, e talvez seja o que já ouvi de mais marcante sobre esse estado de ser livre que a gente tem e luta e busca e sempre sente que ainda falta e aí está:
 
"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda."
 
Numa reflexão mais profunda a construção da liberdade é um processo doloroso e em alguns casos ilusório, sobretudo porque é relativo o lastro desse conceito para cada um. As imagens que tenho de liberdade, são em geral imagens de algo batalhado, sofrido, são imagens duais de conquista de um estado de liberdade ao mesmo tempo em que essas imagens me soam estranhas e doloridas, doloridas permanentemente, como uma condenação de liberdade, como uma prisão no estado de ser livre. Daí a dualidade da imagem.
Por outro lado, assim como falou Paulo Freire em sua obra, concordo que a liberdade é uma busca, um desejo daqueles que se entendem como ser inconcluso, na condição de humano interminado buscando se humanizar, daí que a liberdade me parece ser assim, tão tangencial, tão passageira, às vezes até volátil e capaz de evaporar.
Pra falar a liberdade assim, instável, atemporal e eterna ao mesmo tempo, Caio Fernando Abreu me empresta um trecho do conto chamado "Pela Noite", onde ele diz:
 "Porque é assim que é. Naturalmente. As coisas sempre prestes a serem apanhadas. E você eternamente prestes a apanhá-las. Como uma sina. Sempre prestes."
Nesse processo de construção, em alguns momentos acreditei, e ainda acredito, que negar algumas "algemas" de tudo o que "está aí" foram importantes na composição dessas idéias, ainda que eu não discuta o mérito de cada uma, mas neguei algumas crenças e até instituções.
Neguei e nego a existência de Deus, a credibilidade da instituição família e a crença nesses valores que ferem a coisa que mais me incomoda sentir falta: A liberdade.
Óbviamente que compreendido enquanto ser inconcluso, talvez eu viva "Sempre prestes" e não a alcançe, mas aí relativizo o conceito e chamo pra mim essa coisa que é quase como ter o "direito" à liberdade de sonhar, de compor idéias e de lutar por aquilo que no plano real/material/palpável representa a sedentação da sede da liberdade intrínseca do homem inconcluso que mesmo buscando algo que não há de achar como água em fonte, quer dela se saciar ainda que por representações distorcidas de uma realidade que é legítima por ser antes a dele, decisória, escolhida e permitida em virtudes e falhas, erros e acertos. Porque como disse Caio também e assim o penso:
"Não tenho nada contra qualquer coisa que soe a: uma tentativa."
Pois de fato, o que a gente não pode deixar de ter é o sonho, o desejo e a coragem de ser livre.


 


 
 

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