terça-feira, 19 de outubro de 2010

A menina Gabriela.

Sinceramente...
Ia demorar pra aquela conta ter resultado exato depois da igualdade, do outro lado só teria um par se ela encontrasse um detalhista como ela. Um detalhista que se importasse com as mínimas coisas e notasse nuances importantíssimas em fatos que para os brutos passariam banais, sempre.
Alí morava a inequação da sua vida amorosa: do outro lado o resultado era coração quebrado porque ninguém via na vida detalhes como ela via.
Rolava então o pranto, como numa inequação rolavam as repetitivas e desencorajadoras dízimas periódicas...

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Uma dose de nós dois.

A ânsia de vômito é a mesma, os fatos que me enjoam e me machucam são iguais e na verdade a distância me põe ainda mais de perto, de joelhos. Mas não quero saber disso, essa conta tá na minha mesa mesmo que meu copo esteja vazio, não encho o copo e nem pago-a, ignoro ambos e a mim.
Me importa se há quem encha teu copo, pague sua conta e te realize quando concluírem o caminho da tua casa? Nada tenho eu a ver com isso...
Eu me embriaguei da sobriedade que o copo vazio e a conta injustificada me impuseram depois da overdose de você.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Desprotegido

Eu já te imaginva a sentar-se de frente pra mim aos Sábados pra conversar e me ouvir, me falar e passar broncas que só quem protege pode dar. Eu só precisava de alguém que mesmo que não fosse, fingisse ao menos pra mim, ser mais forte que eu e dissesse que valho muito e que me ama.
E não era só ter, era merecer, eu precisva merecer o amor e a proteção que me desse pra viver em paz. Era uma força e uma proteção que costuma existir em todos os homens mas que veio faltando em mim e que eu teria de encontrar n'outro alguém. E então conclui que eu precisava de alguém que não atacasse minhas fraquezas, que não me condenasse a lutar, que apenas me protegesse. Quando aquela droga de pneu furou e tive que me virar, me senti como se não valesse nada, só queria correr pro teu abrigo, pros teus braços.
Meu desespero era tão grande que eu seria capaz de desabar de chorar se te visse, que eu seria capaz de te chamar mesmo sem saber teu nome. É uma proteção que eu não tenho como dar a ninguém e que não terei de qualquer um.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Um fundo branco com estampas coloridas e você outra vez.

Em outros tempos eu agradeceria a sua existência, o teu sorriso iluminado e a esperança que sem saber fez nascer em mim quando mais precisei.  
Veneraria a luminosidade que a sua passagem sempre ofertou aos meus olhos, por dias a fio mergulhados na escuridão, como hoje brilhou também. 
Eu diria a mim mesmo que você substituira, como no meu sonho latente, um amor imtempestivo que chegou, fez estragos e se foi, desejaria você.
Mas hoje agradeço nossa tão pequena e tão grande distância, o teu jeito, o que ganhei te olhando e te amando em silêncio, a esperança ainda viva.
Você é só um sonho, uma miragem real, um platonismo com mil vezes de zoom, a distância mais próxima que conheço, um querer ameno e pacífico.



"E se veste de um jeito que só ela
Ela vive entre o aqui e o alheio [...]
O que faz ela ser quase um segredo
É ser ela assim tão transparente"

Altruísmo dos Desiludidos

Fato é que eu rezei de joelhos só pra te dizer o quanto o amor foi bom, mas é que hoje me olho no espelho e aí não me esqueço da sofreguidão.
Me contorcia de pensar num jeito dessa agonia não viver mais não,até que um belo dia me virou as costas, pegou suas coisas e foi tudo em vão.
Correu pros braços e pra o descaso de quem te amou e depois te quis mais não e eu que aqui sofri calado, cortei um dobrado, fiquei na mão.
Mas não lamurio, não peço que volte e nem nada não, desejo que seja tão feliz que possa um dia lembrar-me com admiração.  

"Chorando se foi, quem um dia só te fez chorar..." 

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Singularmente Importante.

Vivia um aparente descompromisso com a urgência da vida, bagunçava com a imaginação alheia, que fazia da tua idade uma icógnita, ao mesmo tempo em que parecia não viver dramas aparentes, seu olhar era de curiosidade contida, natural e despretenciosa, pouco trêmulo, levemente fixo e pouco compenetrado.
Tinha um ritmo compassado particular e quase único de cruzar sempre o mesmo caminho, rumo ao mesmo lugar, sem receio algum de ser furacão na vida ou na imaginação de alguém. Parecia sempre pouco se importar com o resto, tinha um jeito próprio, um estilo singular e sob medida, uma nítida preferência ao se vestir, repetindo as roupas que quisesse sem se preocupar se sua passagem pudesse ser ou não amorosamente vigiada pelos olhares que sempre se apaixonam pela sua imagem a cada vez que a encontram.
As apostas dos olhares de seu admirador secreto e exposto ao mesmo tempo, observador quase declarado, pareciam nunca perturbar aquele universo particular que havia na sua mochila misteriosa, onde um pedaço de mundo com milhões de revelações de ti, dividiam espaço com o esclarecimento pessoal que aquela mente até então desconhecida devia guardar.
Te via ir, te via voltar, te via sair e te via voltar e as vezes te via ir de novo, reconhecia as roupas com as quais estava quando dentre as tantas vezes, estes olhos se apaixonaram, restando sempre então a espera, uma falsa esperança e a presente companhia da tua ausência.

domingo, 8 de agosto de 2010

Tem de haver um caminho

É um paradoxo, tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Eu que saí a rua com pretexto de ver meus irmãos empinarem pipa mas querendo descobrir qual casa é a sua, ouvi tilintar um cadeado.
Desse cadeado que tilintou e acelerou meu mediano coração, olhei e vi um portão abrir, parecia contigo mas sei que não era, estava longe, porém sendo você ou não só notei a impaciência de alguém que também espera algo ao olhar pro horizonte e chuta o ar em protesto, olhei fixamente. Entrou, saiu várias vezes, olhava pra trás quando eu voltava pra onde estava e olhava pra minha direção quando eu avança, tilintando o cadeado.
Já de noite, o cadeado tilintou pela última vez e o portão se trancou. Peguei esse momento e resolvi entrar pensando: "Tem de haver um caminho" .

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Quarteirão do Abismo

Acreditei até que não morasse mais aqui, nessa grande rua onde aportei também a minha vida, imaginei por alguns dias que viesse aqui a passeio ou sei lá, mas de longe fitei a casa em que você habitualmente abria o portão nas tardes em que te vi, pra sair ou pra entrar com todo o seu mistério sob a minha curiosidade silenciosa.
Depois de dias sem te ver por alí passar com sua habitual presença, que se faz notar e que parece me atrair mesmo quando não te espero, foi olhar pra rua pra te ver passar e virar o rosto na minha direção, que como aqui já disse, atrai como magnetismo inexplicável de algo que eu não sei o que é, mas que há.
O teu olhar, para o qual não achei definição, que em geral é em certa parte cerrado, seja de sono ou de preguiça de arregaçar as pupilas para o mundo, sob aquele cabelo que procura cobrir-lhe um pouco a testa como que no mesmo esforço de poupar-lhe do que há no entorno, somado a aquela face que não sei bem definir se de inexpressividade por querer ou simplesmente por não ter preocupação alguma que lhe faça pesar os traços da expressão facial que sempre porta, me fez rir algumas vezes por concluir que aquele jeito de olhar é o olhar da meninice sua.
Teu andar compassado, parece agitar o ar num ritmo quase dançante, que se pode perceber e poderia ate mecanicamente se desenhar conforme se olha para o cano do seu tênis, que é pouco habitual, fazendo par e conjunto com as calças do tipo que sempre usa, por vezes discretas e por outras extravagantes, como no dia em que te vi e considerei que estivesse tornando, se é que daqui não é ou algo assim, usava calça verde, mas era um verde meio azul que dependendo de quem olhasse poderia parecer mais viva do que realmente era, mas em você ficava interessante.
Portava nas mãos um objeto que não sei dizer qual era, mas era semelhante e por isso julgo que devia ser primo ou parente próximo do "iô-iô", com uma corda que você atirava ao chão e ele então se projetava e fazia um barulho que por um momento achei ser dos teus passos, mas depois vi que não. Como de hábito acompanhei o teu andar até que paraste na habitual calçada, fechando os metros que dividem o nosso contato, onde você com aquela mochila nas costas abriu novamente o portão que te engoliu como que por ironia, sabendo simplesmente que eu alí tão perto de você lhe perdia não de vista mas para um portão que inoportunamente me deixava na sorte de qualquer dia lhe ver outra vez, sem nunca saber quando seria este dia.
Minha presença também foi notada por você talvez quando eu também notei a sua e não sei como pensou nisso mas há duas possibilidades para as quais dou valor de consideração.
Se fores daqui antes do que eu, eis que imagino ter se perguntado como nunca me viu, ou então que se fores gente nova por aqui talvez tenha achado legal que na vizinhança haja alguém de tão próxima idade assim. Aliás idade creio eu que seja tão próxima a ponto de que variemos em dois anos para mais ou para menos um do outro, mas não importa. Tivesse eu com você a chance do contato hoje quase impossível, sonharia em ter por ti e de ti metade do que tive com meu último romance, confesso que aí o portão não mais te engoliria e tomaria de mim por tempo indeterminado.
Mas o fato é que eu gosto das poucas vezes que te vejo e desejo sempre ver mais uma vez, ainda que sejam escassas e que durem pouco frente o espaço de tempo em que elas acontecem, por isso quando vejo-te, me ofereces inocência, pelo menos assim julgo, e eu faço questão de devora-la com olhos de comer presença e observar teus passos quase ilesos, que dessa vizinhança toda talvez só eu note, simplesmente porque nessa cidade onde as ruas só sabem vender ilusões a preços altos, eu sempre as compre a pagamento à vista.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Varanda Vazia, Cheio Coração.

Foram juras de amor trocadas em silêncio
Sob a batida complacente de um coração
Que batia e pulsava como aberta a ferida
Que sangrava e doía feito uma canção
Feito a canção que tocava no rádio
No Rádio e na minha estação
Sob o aroma daquela tarde perdida
Que perdida estava sem mais presunção
Foi quando ao raiar da aurora e o fim do dia
Baixaste a agonia do anfitrião
Ao bater fortes palmas ardidas
Clamando o meu nome
Desesperadamente em frente ao portão
E eu que atendia a chamados 
E buscava saída pra essa prisão
Encontrei em você minha vida
Mesmo que encontrar-te fosse a minha perdição.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O café acabou, o fogo apagou e o amor terminou.

Foi assim, numa tarde preguiçosa de Domingo, no Café Xadrez, que a moça de vestido preto e branco gostou do pensamento alto do cavalheiro de preto que bradava aos amigos de mesa as suas filosofias de vida. Foi aconchegada nas palavras firmes que saíam daquela boca eloquente e calavam fundo em suas mais íntimas mazelas, que a donzela guardou na mente cada palavra daquele despretencioso senhor que a vida alí lhe apresentara, por um instante, ela moveu os lábios em silêncio repetindo o que ele dissera como se tentasse escrever letra por letra em sua própria alma, pois sentia ter encontrado verdades para si onde nunca antes havia procurado.
Passou-se a semana e no Sábado lá estava a moça no Café Xadrez, pronta para repetir, talvez em volz alta, as filosofias de seu mais novo orador eleito e não diferente lá estava ele a capitalizar a atenção com suas verdades de mesa para os que quisessem ouvir. As falas do cavalheiro chamavam a atenção da moça tanto quanto os olhos dela focados na mesa dele o faziam sentir certa inquietação e ansiedade por satisfaze-la ao mesmo tempo em que lhe instigava saber o por que de tanta atenção no que dizia.
No Sábado, no mesmo Sábado, mas já a noite, os dois travaram um diálogo acalentado por um imenso brilho, quando em voz alta ela repetiu sem esquecer sequer as vírgulas, os mais fortes versos por ele proferidos.
Por horas a fio e pela madrugada, já fora do Café e em voz alta, foram até o amanhecer se apaixonando e se encontrando onde jamais imaginaram se achar, estavam alí um para o outro e cada um por si sem medo de entrelaçar palavras como quem dá as mãos para seguir em frente sem querer solta-las jamais.
A semana passou, o outro encontro não veio e o sumiço do moço dos versos mágicos fritou na cabeça dela a precipitação de tal romance já que este fora tão rápido ao ponto de que ela já sentia-se possuidora e possuida dele e por ele ao mesmo tempo.
Ele tentou se esconder e tentou fugir, nunca negou que em certos aspectos tinha medo, em outros era moralista demais e em outros simplesmente preferia se abster, mas num Domingo quando descia ao litoral para tentar esquecer quem jamais esquecia, recebeu um bilhete por ela assinado onde o objetivo principal era passar recibo do que ele sentia. Foi o suficiente para que o Domingo fosse regado à saudade, aflição e um bocado de sonhos insanos.
Ele não dormiu, quis ver o sol nascer, as nuvens se ajeitarem no céu, a lua encontrar seu lugar, o oceano deitar as ondas no mar e ele o seu coração por sobre o coração dela. Ele quis jurar para si por um momento, que um dia repetiria a mesma cena, porém, tendo ela ao seu lado.
Veio então a Segunda, a Terça e com ambas as declarações de amor, afeto, carinho, promessas, sonhos e o primeiro sinal de companheirismo quando juntos, resolveram redigir a carta que ela a tanto devia a uma tia do estrangeiro, que sempre a corrigia na escrita, foram momentos mágicos de amor e sintonia, mas passou.
Veio a Quarta e com ela o mal-estar do rumo que a Terça-Feira tomou quando no meio das lembranças ela deixou escorrer uma grama de algumas degradantes experiências de seu pretérito imperfeito, fora demais para aquele coração de poeta tão desprotegido de amar.
O mal-estar se estendeu até a Quinta-Feira, quando o nobre poeta, convencido de que sua dama agora o fingia amar e querer, entendeu que o fim era certo e achou na conversa da amada com o músico da livraria um motivo para fechar-se em desconfiança ao som de um expoente do amor efervescente que sentia.

"Ontem, com esses olhares me feriste. E meu coração quase parou. Agora, longe de mim talvez mentiste. Sonharás com um amor que já passou".

Ele então não queria mais ve-la, porém não conseguia fugir, era inevitável que ele se rendesse aos encantos daquele amor. Naquele instante ele suspirou, bateu na velha mesa onde bradava versos, no velho Café Xadrez onde empenhou dias de sua vida, quando ao olhar para a rua ouviu outra vez Adoniran, sim o velho Adoniran da terra da garoa, resumindo aos ouvidos dele o amor e toda a dor que sentiu por ela naquelas semanas.


"Pode apagar o fogo Mané Que eu não volto mais !"

E assim ele se curvou, já que o fogo do lampião, o fogo do fogão e o fogo da paixão apagaram-se.

Memórias de um Íntimo Segredo.

Cultuo o arte de manter pessoas desnecessarias ao mesmo tempo em que me falta por perto quem eu queria proximo.

Me lastimo por coisas que não dependem de mim e sofro pela simples inconformação inssistente de teimar com o tempo...

O segredo é ver o tempo escorrer em minutos e segundos enquanto o vento sopra a vida para a sucessão dos fatos acontecerem...

  É a tipificação do abstrato, a caracterização do heterogêneo, a significação do indecodificável sentir.

Tem dias em que encontramos razões como quem nada procura e de tanto procurar no nada, nada deixa de descobrir no que não acha!

E considerar que o que não sê se assemelha à intensidade daquilo que se sente é admitir que há no desconhecido o calor do novo uma surpresa.

Escrever descaracterizando o que se idealiza é a arte dos que embaralham palavras aos olhos dos que buscam respostas nos que escrevem.

E compreender o relevo da vida não significa relevar a tudo, bem como dizer e escrever o que sente não necessariamente implica em revelar-se    

Quando me ver poético considere que existe a esperança, quando me ver em lástimas sem razão aparente, considere que sou todo amor. 

E pra quem quer ser feliz um ponto no horizonte basta, então se és agora o meu ponto, emita-me sua luz, ilumine meu chão, me leve a você e faça-me notar sua presença nessa noite que sopra a busca dos que amam amar.

Sufoca-me com a tua conveniente presença e depois mata-me com sua impiedosa ausência que impiedosa se faz por ser antes importante. 

E tão imediata que foi a dúvida acolhedora do medo, que transformou-se em certeza iluminada fazendo-se guia do inesperado e futuro ausente. 

E ter medo de ser feliz e ter medo de ser feliz pra que? A única razão de te buscar em mim é porque me acho em você. 

Talvez loucura, talvez perdição, pra aquilo que ainda não foi dito sim me permito entender que não haverá de ser não. 

E quem foi o aventureiro jamais surpreendido na arte de desbravar? Não deve ser o mesmo que não pensa duas vezes para voltar a se aventurar. 

domingo, 25 de julho de 2010

Você outra vez.

Aqueles olhos que já me disseram muito e depois nada disseram e agora podem prometer mais, podem mais que prometer mais, podem ser mais, podem chegar mais perto e confirmarem os momentos imutáveis.
O olhar, nossos passos, as coincidências somadas às coisas provocadas e a marcação da presença, o papel no quadro e o seu nome, meu msn.
Tua inércia, minha ânsia, a curiosidade dos meus amigos, teu orkut insuspeito e as paqueras de fachada, tanta história, tua presença diária.
O teu lugar cativo e o meu que te mira cativado e cativante no mesmo espaço, você e eu cercados dos mesmos sempre, num chove e não molha encharcado.
Minhas paixões instântaneas e os teus momentos de cólera, os litros de água que bebeste pra ficar por perto e os meus tremores silenciosos.
O soneto que fiz e os papos malucos dos que te rodeiam, a lágrima que disseram rolar do teu rosto e a sua negativa quando perguntei, o azul.
Não sabe nem metade do estrago que aquele olhar me fez, mudou a rota, mas me lembro com saudade da sensação que senti, decorei teu nome... não mais esqueci teu rosto.    

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Inerte Vilania.

E se não sois apropriada realidade, por que ofereceis a mim - inóquo e proibido ser vivente destes fatos - tão tentadora e inexplicável oferta?
Se me queres afastado de tão pecaminosa realidade - para que resista firme ao que clama a traidora mente - por que me colocas tão a diante de tais veredas a mim vedadas?
E se fazes de mim padecedor da minha própria amarra - que em si mais liberta ou exige libertar do que prende - para que instiga tão aguçado sentido de saber encontrar no caminho da fuga o exato objeto do qual se foge?
Se me impõe esquecer o que jamais deveria ser lembrado - posto que por mim deveria ser sempre desconhecido - por que põe diante dos meus olhos e adjacente a minha rotina, tão impetuosa força que a mim sobressalta?
E se conheces a fraqueza dos meus olhos denuncistas - que revelam o que no profundo deveriam esconder - por que traz os olhos a mim proibidos de encontro aos meus fustigados e já tão vigiados olhos?
Então por fim, que ressalva me falta e a palavra já escassa não explica mais o exímio sentimento, por que faz da respiração e dos passos um sinal que imanta e aproxima como magnetismo? Por que fazes com que as duas faces se encontrem quando uma destas impedida busca fugir do que procura e encontra na fuga o fatídico objeto do qual se esconde?

Esclareças logo! Definitivamente!

O que queres de mim, Oh obscuro e sombrio, desafortunado destino?

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Anda que cai e levanta!

Agora é hora de descolar as folhas secas que se apegaram ao meu corpo com a queda desastrada destes pés cansados que recompostos se põe a andar, respirar fundo, olhar pra frente e seguir no passo do compasso que passeia frente aos meus olhos como o tempo que se dilui e vai embora.
Deixando pra trás o que passou somado a um pouco do constragimento da queda mas guardando o fervor que lhe era antes de cair e que mantem-se. Deixemos guardado e transformado em chama daquele que se levanta sem receio de seguir em frente e deixa a paisagem apagar o breve infortúnio derradeiro.
Dessa forma despede-se de quem quer e pode ficar e abre a porta pra quem chega e lhe quer chamar pra sair aos caminhos certos do novo ideal, extirpando a idéia suicida de lutar contra o mundo, vencer eventualmente a batalha e perder a vida. Sabendo que não só de poesia vive o poeta, vive ele de viver antes de tudo e de aprender mais que ensinar, sofrer pra poeta é carga de conteúdo, vale.
Portanto anda, cai, não te intimida!
Inverte o jogo, levanta a cara e viva!

domingo, 20 de junho de 2010

Aos Dezessete do Segundo Tempo.

Com 17 anos de idade parece que te viram de cabeça para baixo na intenção ver quais conceitos são sólidos e ficam e quais caem pra pôr outros no lugar. Com essa mesma idade surgem todas as perguntas que a pouca maturidade da infância não permitia-lhe fazer e que com o passar do tempo se não refletidas podem ficar sem respostas, aliás apenas com a resposta do "talvez", o que é pior.
Nesta idade não é raro procurar palavras que confortem a ausência de respostas, até porque não ser mais criança e ainda não ser completamente adulto não significa encontrar respostas mais rapidamente nem muito menos as respostas certas, filosofar nunca fará tanto sentido quando se completam 17 verões vividos.
Invariavelmente você vai olhar pro céu e querer saber quais são os mistérios guardados na coloração meio alaranjada, meio avermelhada, meio amarelada no azul azulado entre nuvens ao final da tarde, vai querer incessantemente descobrir onde tudo começa e onde tudo termina e se o início não é o fim e vice versa, logo você vai querer saber de onde as coisas vem e por consequência se vem de algum lugar o que as motiva a virem e portanto se vem, o que as trazem e as fazem existir, no fim você vai se perguntar sobre a criação e a existência de tudo.
Não raro você vai esbarrar na explicação de coisas que te ensinaram ao longo do tempo e que hoje te parecem incorretas, se tudo tem um começo, como já perguntou Chico Buarque, "quem inventou o analfabeto e ensinou o alfabeto ao professor?" e então você descobre que até hoje você só absorveu sem filtrar nada e que daqui pra frente você possui dezessete filtros, acumulados ao londe de dezesse anos, que vão lhe dar muito mais do que dezessete motivos para descartar muitas coisas, aceitar outras tantas e repensar mais algumas.
Aos 17 do segundo tempo também haverá de descobrir as próprias "descobertas", há de encontrar uma coisa complicada denominada "escolha". A vida te colocará numa nau que só depende de você, te fará navegar dentro de si mesmo, mostrando aquilo que não conhecia e que agora tem que conhecer, aquilo que sabia mas preferia inconscientemente esconder e que agora vai pra prateleira dos artigos importantes, pra sala das escolhas, onde você será acareado com um complicador chamado vulgarmente de "vontade", além do mais, o tempo inteiro enquanto a nau navega, sinais de fora serão lançados sobre ela feito ondas, dizendo exatamente o inverso do que naquele momento você descobre, o mundo lá fora continua quadrado, mas dentro de você muita coisa muda.
Com dezessete ciclos completos, as respostas se invertem, a urgência das perguntas se atenuam e as respostas podem ser mais complexas do que se pensava, no caminho ainda há o amor que esbarra e faz doer, a saudade que aperta e faz chorar e tantas outras coisas que te fazem duvidar da valia desta expedição dentro de si mesmo, mas a premissa que sustenta a validade disso tudo é única, a naturalidade da existência é o que diz mais e de maneira mais certa aquilo que se procura, o que é natural dispensa explicações e extirpa os velhos "chavões", simplesmente porque se faz existir sem força maior de uma escolha ou não, é simplesmente por ser, porque se fez assim, porque muita coisa vem guardada pra ser exposta com a maturidade da existência, com a claridade do saber que se faz ausente na criança e finda no adulto, que muitas vezes se esquece de fazer as grandes entradas e bandeiras da sua vida, quando 17 pontos são cravados no placar dessa grande jogada da existência.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A criação e a Existência das Coisas.

"— Belo porque tem do novo
a surpresa e a alegria.
— Belo como a coisa nova
na prateleira então vazia.
— Como qualquer coisa nova
inaugurando o seu dia.
— Ou como um caderno novo
quando a gente o principia.
— E belo porque com o novo
todo velho contagia."
                                João Cabral de Melo Neto


                                                             
"Em tudo o que ultrapassa a rotina repetitiva, existe uma ínfima parcela de novidade e de processo criador humano. As bases da criação estão assentadas na faculdade de combinar o antigo e o novo."
                            
                                  Vygotsky


"Só no chão da poesia piso com alguma segurança."
                               
                                  Manuel Bandeira


“É difícil dizer o que é impossível, porque o sonho do ontem é a esperança de hoje e da realidade do amanhã.” 

                                  Robert H. Goddard


"Diz quem foi que fez o primeiro teto que o projeto não desmoronou
Quem foi esse pedreiro, esse arquiteto, e o valente primeiro morador
Diz quem foi que inventou o analfabeto e ensinou o alfabeto ao professor..."

                                  Chico Buarque de Holanda 


“O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão.“
                                  
                                 João Guimarães Rosa



quinta-feira, 17 de junho de 2010

Esqueçam Tudo o que Escrevi

Foi pedindo pra esquecer que o mundo fez-me lembrar de tudo o que se foi, foi pedindo para deixar-se ir que a saudade me acordou mais cedo que o  habitual e me colocou de frente para o espelho como quem confere a realidade da própria existência.
Desconfiando dissto tudo, percebo apenas que acordei por força maior da minha consciência, que recobrou de mim a pouca prática daquilo que teorizo, da contradição do que escrevo, da nulidade do que prego.
Esqueçam tudo o que escrevi, desconsiderem o amor que declarei e a saudade que senti.
Guardem apenas a poesia, a esperança e considerem que amanhã tudo vai surgir de novo, sem medo de ser contraditório.

Deixe Estar

Deixe estar no campo das especulações as mais íntimas e talvez incômodas suspeitas de quem espia o mundo pela fresta da janela, ansiando pelo contemplar do sol um dia. Conserve assim, todos os palpites como quem tenta vencer por teimosia as dificuldades que encontra no caminho.
Deixe ser como é o modo espontâneo de entregar verdades aos novos amigos, como a criança imatura que segura o dedo de um adulto com a confiança de quem parece ter encontrado a mais segura verdade universal.
Faça permanecer intocada a orginalidade do agir em virtude de que a fisiologia filosófica do ser em si não necessariamente deve interferir na maneira morfologica de existir que cada um exibe, portanto deixe ser e deixe estar tal como se fez.
Reduza a perplexidade das descobertas e acalente o sonho da aceitação pessoal das mudanças, posto que a confluência da serenidade com a isenta compreensão da existência, refuta as tensões e traz a paz em foro ítimo, assim, deixe existir.
Minimize o clamor pelo alguém complementar, deixe ser e deixe estar sozinho como o destino bem me quis, esperando que o clarão da decisão abra o caminho e que eu assim o trilhe, sendo e vivendo tal como sempre desejei pacientemente.

sábado, 12 de junho de 2010

Quieto, solitário e cheio de dúvidas.

Não te conheço e não sei quem tu és, nunca ouvi tua voz nem sei o seu nome, não olhei nos teus olhos nem toquei suas mãos, mas tudo em você se faz notável aos meus olhos.
Guardo comigo a brevidade da sensação de que tua face não me é desconhecida, que talvez a tenha visto numa dessas tortuosas ruas dessa cidade que nada tens pra oferecer aos dispersos que se querem unir, logo, não sei quem és tu, ao menos ainda, não sei nem mesmo o que pensa, quanto mais o que deseja e o que anseia pra si.
Teu nome me é ainda desconhecido, até porque talvez só de vista eu lhe conheça e também porque nem palavras trocamos nós anteriormente, teus olhos negros inquietos e misteriosos se movimentam como uma voz que clama sem se ouvir neste rosto quase angelical, por vezes ingênuo e sorrateiramente diabólico, que guarda em caricatura de criança as mais prováveis e ferozes vontades de alguém que chega à madureza com pouco experiência do que é o amor e do que são as aventuras de amar. Tuas mãos se apertam o tempo inteiro confirmando o que seus traços tímidos e desafiadores denunciam em cada olhar, o nervosismo esasperado contido em si se faz externado a cada vez que comprime uma mão contra a outra, suspirando na sequência como quem ainda aguarda o resultado de uma espera aparentemente interminável pelo desconhecido.
O teu silêncio é mais instigante do que qualquer uma das minhas dez mil palavras por segundo e o teu raro e motivado sorriso vale mais do que todos os meus risos por amenidades dados repetidas vezes por minuto sem nenhuma beleza poética, sem nenhuma estética literária, sem nenhuma razão de ser. Pescar um sorriso no teu lábio é mais valioso do que encontrar o tesouro perdido no deserto, porque a luminosidade dos teus risos são tão sinseros e límpidos quanto as gotas de chuva que caem do céu e caminham diretamente de encontro ao mar pra tornar-se imensidão.
Teu ar por vezes assustado me aperta o coração que te queria perto, mas que até se satisfaz por te ter com alguns metros de distância pra poder contemplar cada reação sua aos estímulos que recebe dos que te cercam. A tua solidão no seu sempre marcado e rotineiro assento me sugere que mais dia menos dia poderia eu tentar a sorte de te dizer bom dia e te convidar pra almoçar comigo, pra trocar a timidez por palavras ao vento, pra colocar mais sorrisos no rosto, sendo estes melhores se fossem destinados a mim.
Observo cada passo seu porque admiro, porque valorizo teus pequenos gestos e porque eu talvez goste de você em silêncio, talvez pelo jeito compenetrado que exibe, talvez pelos mistérios dos teus olhos negros, que ainda não consegui fisgar junto aos meus verdes olhos, escondam, talvez porque o teu chegar e o teu partir sejam ainda pra mim desconhecidos e talvez porque ainda que pequena esta cidade, só te pude ver hoje no almoço, desfrutando da solidão quando poderia estar eu exatamente alí, te fazendo sorrir sem ter receios como te vejo fazer naqueles momentos em que você esboça solidão somente com seus olhos, com seus gestos, com o apertar das mãos e com o suspiro que mesmo sutil ainda me provoca os ouvidos e me faz fitar-lhe com a apreensão de quem ama e zela por ti em silêncio.

Luminescência.

Lume, significa clarão, brilho e Essência significa aquilo que constitui a natureza de um ser, de uma coisa.
Unidas essas duas palavras formam a palavra Luminescência, que caracteriza a luz e o brilho que compõe a essência, ou seja aquilo que faz parte da constituição do ser e o que há de mais profundo em cada um de nós.
O fenômeno da Luminescência pode ser encarado como um processo químico, que quando engloba energia, excita uma reação que tem como origem a produção de uma luz radiante e eletromagnética que irradia e clareia. A aplicação desse caráter da Luminescência é o Vagalume que exibe no voo a luz verde, fruto da reação citada. No entanto o caráter luninscente que interessa ao ser filosófico e pensante do homem vai além da demostração química e da aplicação biológica dessa tão bela e pouco usual palavra, a Luminescência do homem, do ser, deve ser exatamente a luz interior que recebe os estímulos exteriores e os utiliza para excitar reações dentro de si próprios, que por sua vez resultarão em reações externas para com o todo em que este se encontra incluído.
A Luminescência de cada um, reflete a capacidade pessoal de receber as mensagens que vem de fora, sintetiza-las de maneira ideal e devolver à externalidade com a clareza de quem admira a transparência da luz e com a radiação de quem vibra aos mais simples e importantes eventos que ocorrem na fabulosa mente humana, de quem sofre e resplandece amor como quem aprendeu a pagar o mal com o bem e não o mal com o mal.
A Luminescência é o que há de mais puro no homem e é o que há de mais real e justo no amor, a luz da alma a luz da essência, o caráter transparente das mais sinceras relações entre nós.

Composto e Complexo.

Não são raras as vezes em que meu humor e a minha sensação de paz se alteram como a montanha russa mais radical que eu já tenha visto, o que era alegria se transforma em tristeza e a claridade do sorriso que vinha aberto no rosto se fecha e se tranca em trevas de um profundo vazio silencioso e a paz se dissipa como a cortina de fumaça que se acumula quando a manhã surge no meio do orvalho e do sereno.
A sensação de solidão se dá exatamente quando da percepção de que no meio de tantos, falta-me exatamente a pessoa certa, a pessoa amada, que parece um promessa no horizonte apta a se realizar mas com todas as honras que lhe atrasam o desembarque.
A sensação é sempre de que parei numa esquina qualquer, separei-me de mim e disse "não me siga", partindo em seguida sem olhar pra trás, como quem deixa a essência sem direito de ação e resposta, como quem se perde o tempo inteiro dentro de si e nunca se encontra por entre a gente.
Sou uma amostra de mim mesmo, sou uma experiência ambulante, sou o observador e o objeto observado ao mesmo tempo, sou talvez a mais ansiosa descoberta e busca dos meus tempos e tudo o que vejo são flashes daquilo que procuro mas não acho. Sou talvez aquele que há semanas busca comprar sonhos na intenção de também conseguir vender os meus, mas que na ausência do primeiro perde a capacidade de fazer o segundo e trilha o caminho rotineiro com o vento frio no rosto, admitindo que mais um dia se passa sem que nada mude nessa longa estrada da busca interminável.
Ainda posso ser aquele que tem medo das surpresas e o que não sabe improvisar no imprevisto, aquele que faz as estmativas certas mas ainda vive a espera, mesmo contada no relógio, talvez seja eu ainda um mero desbravador dos diferentes caminhos que levam sempre a um lugar só, com um certo medo do desconhecido, com certo frio da manhã gelada e com a pouca luz pra iluminar a estrada deste longo dia que apenas começou...

A nossa casa.

A minha casa deve ser mais que uma casa, deve ser mais que um lar, deve ser mais do que quatro paredes e um teto com algumas portas e janelas, deve ser mais do que a morada de alguém, deve ser meu porto seguro, minha fortaleza.
Quero um lugar de destaque pros meus livros, algumas obras de arte, uma decoração que diga quem eu sou, quero um santuário de mim, quero fazer da minha casa uma fotocópia do que eu sou e sinto com um pouco dessas tralhas todas que guardo de lembrança dos tempos que se foram e dos conceitos velhos que caíram para dar lugar aos novos.  Quero ainda talvez você, pra me dizer boa noite quando eu chegar, bom dia quando eu acordar e "Te Amo" quando a vontade de chorar for maior do que meu real controle sobre as minhas emoções.
Talvez eu queira uma televisão pra não deixar a estante da sala vazia, embora eu queira porta-retratos de nós, dos nossos melhores momentos e daqueles que nos são importantes pra dar vida nessa cena congelada do que eu sou, do que seremos juntos e das coisas construídas mas dinâmicas, que se foram, que sempre passam.
 Quero fazer com que a nossa sala de jantar seja mais do que o local onde faremos as nossas refeições, lá comeremos a presença, como bem disse Clarisse Lispector, mataremos a saudade, mesmo que seja a saudade acumulada de um intenso dia de trabalho.
Na minha carteira vai uma foto sua ao lado da minha e atrás delas aquele bilhetinho que deixei pra você quando resolvemos que ficaríamos juntos, na sua carteira vai uma foto minha ao lado de uma foto sua com aquele "correio elegante" que você me mandou na festa que fizemos na casa dos meus pais.
Os detalhes são muitos, mas cada um deles serão específicamente planejados tal como somos e vivemos, tal como seremos e desejaremos viver, livres, definitivamente livres de qualquer premissa que determine hoje da cor das almofadas à coloração desse nosso amor.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Defina o amor quando senti-lo.

Todos os motivos do mundo reservaram-me a você, todos os caminhos me guiaram até a tua estrada, cada passo meu foi dado em silêncio esse tempo todo, cada pensamento foi maquinado, guardado e por vezes esquecido exatamente porque a ausência do saber de ti me esvaziava e dissecava cada um sentidos e alimentava um ceticismo sombrio em mim sobre o que é o amor.
Isento de toda e qualquer perspectiva o amor surge quando nada espera-se pra si, é a mais bela flor que brota em solo árido, seco, rústico, inóspito do peito dos mais desenganados homems, é talvez a mais persistente e a mais sofrida flor que já houvera neste chão.
Este chão por sua vez pode ser o mais petrificado, o mais ressecado, rachado, machucado e sem perspectivas, pode ter sido maltratado, prestando-se a desfavores tais que minaram seus mais íntimos poderes de se recuperar, mas eis que surge a vida, a flor do amor, fazendo nele brotar a água que irriga suas veias, que transpassa todas as dificuldades da petrificação sofrida, que move sais e que carrega os minerais da paixão e do afeto para as raízes dessa flor que se vê nutrida e fortificada a cada novo dia, a luz do sol aquece aos dois e faz com que ela cresça e dê sinais de florescer, enquanto este chão se recupera, se reaviva e sente em seu seio toda a dor do amor no ato de despetrificar a sua dinâmica, a que chamaremos de coração.
Passam-se os dias, vem vento frio, vem chuva forte, vem sol ardente, até que tudo parece morte, a flor dá sinais de cansaço ao passo que este chão agora pulsante, luta com todas as suas forças pra não deixa-la morrer, emprega suas reservas, dá de si o máximo, vigia por ela, aceita até as salobras àguas do medo de perder a linda flor, a flor do amor, para alimenta-la. É aí então que ele descobre o quanto é forte, o quanto revigorou-se e o tamanho da sua capacidade de superar a dor, a dor da flor do amor, que brotou sem avisar, que doeu sem lastimar, que exigiu sem nada dar, que conquistou ao silenciar, mas que correspondeu exatamente quando este chão deu tudo o que tinha, por ela e por si pro amor não acabar.
Mesmo qua ainda só restasse a linda flor e que o resto fosse miragem, este chão continuaria a pulsar por ela exatamente por saber que sem ela não havia vida além da espera, que não havia espera sem amor e que o amor só se pode definir sentindo-o ainda que nas mais irreais e improváveis possibilidades, porque a dinâmica deste chão, seu coração, é emocional, 100% emocional e não se subjulga à razão que nega o sentimento e por isso tem mais livre arbítrio que seu próprio dono, exigindo ainda que na dor a continuidade dessa luta pelo amor, o amor da linda flor, da flor do amor nos solos seus...

domingo, 6 de junho de 2010

Lá, aqui e agora.

Não existem culpados, aliás, não existe culpa.
Quando nos damos ao luxo de acreditar nas mínimas possibilidades, estamos sendo legítimos e nada nos colocará como culpados por isso, como eu disse, não existe culpa.
Até que se esgotem ou se comprovem e até se contradigam, todas as possibilidades são válidas, toda ponta de esperança é um amparo, toda sombra de dúvida pode ser considerada.
Acontece sim, de encontrarmos a pessoa certa, na hora certa, mas no lugar errado, assim como essa mesma conjunção poderia se dar de forma diferente, arranjada em outros pares, mas neste caso ela se deu assim.
Encontrei a pessoa ideal, ainda que sem idealizações, que conhece a luta, que entendeu o sentido do dia após dia, que não foi moldada numa forma de valores conservadores, mesquinhos e ultrapassados como tantas, que não é regada de mordomias e possibilidades de dizer o que quer e o que não quer.
Uma pena estar longe, uma pena não ter como ser incisivo, uma pena, mas não me culpo, nem a culpo.
Não vou mandar o que sinto ás favas, não sei porque mas teimo em pensar que você também sente algo, não é porque quero que sinta, mas porque creio que isso aconteceu conosco naturalmente.

Lá vai o que eu realmente tenho treinado pra te dizer:

Eu encontrei em você a pessoa certa, na hora certa, não exatamente no lugar errado, mas não importa.
Eu te amo e acho você diferente de tudo o que já vi...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Metade (Oswaldo Montenegro)

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Dia Nacional da Saudade Antecipada.

Fica decretado assim que publicado no Diário Oficial da minha vida, que:

Sentirei saudade das Professoras Estela, Cláudia e Maria Luisa,das coisas boas e das pessoas de bem da Etec
Saudade das amizades novas que fiz neste ainda que novo e já quase de partida ano de 2010, amizades estas que em breve partirão.
Saudade das experiências que tive, das burradas que fiz, da ingenuidade e da malícia de algumas perguntas e respostas e do humor diário.
Saudade das twittadas e talvez das brigas, das desculpas esfarrapadas na segunda-feira e das mentiras todas contadas para o bem dos que amo.
Saudade das noites mal dormidas,da dor de dente que senti no nascimento do ciso e das risadas hilárias das noites de aulas mal assistidas.
Saudade das brigas, das calúnias, fofocas e besteiras ditas a amigos próximos e distantes para fins de descontração e dos trechos blogados.
Saudade das tardes sem aula que passei na Etec com meus amigos e dos eventos em que fomos mais pra comer do que pra aprender algo.
Saudade das noites em que o Professor eventual ficava plantado na cadeira da escola, enquanto a gente falava das nossas vontades e sonhos.
Saudade das conversas políticas , das poucas fotos que tirei e dos atos e palavras mais gentis dos ainda que rudes professores que tive.
Saudade dos discursos que fiz, da massagem do meu ego, dos olofotes por mim perseguidos e das pessoas que a mim aplaudiram sempre.
Saudade do que disse, do que fiz, do que postei nos blogs, do que escutei,do que li e do que vivi, do que fui do que sou e do que sonho ser.
Saudades de um passado glorioso, de um presente feliz e de um futuro que vai chegar com saudades de tudo aquilo que ele ainda há de viver...

É a plena manifestação de saudade da saudade.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Um dia você aprende que...

© William Shakespeare
"Depois de algum tempo você aprende a diferença,
a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se,
e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos
e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida
e olhos adiante, com a graça de um adulto
e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje,
porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos,
e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima
se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe,
algumas pessoas simplesmente não se importam...
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa,
ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança
e apenas segundos para destruí-la,
e que você pode fazer coisas em um instante,
das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer
mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida,
mas quem você é na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos
se compreendemos que os amigos mudam,
percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa,
ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida
são tomadas de você muito depressa,
por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos
com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós,
mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve comparar com os outros,
mas com o melhor que você mesmo pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser,
e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo,
mas se você não sabe para onde está indo,
qualquer lugar serve.
Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão,
e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade,
pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação,
sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer,
enfrentando as conseqüências.
Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute
quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência
que se teve e o que você aprendeu com elas
do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens,
poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia
se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva,
mas isso não lhe dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer
que ame, não significa que esse alguém não o ama,
pois existem pessoas que nos amam,
mas simplesmente não sabem como demonstrar isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém,
algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga,
você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido,
o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto,plante seu jardim e decore sua alma,
ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar...
que realmente é forte, e que pode ir muito mais
longe depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor
e que você tem valor diante da vida!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem
que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar."

sexta-feira, 21 de maio de 2010

I Know It's Over - The Smiths

[...]And I know it's over
And it never really began
But in my heart it was so real
And you even spoke to me and said:

"If you're so funny then why are you on your own tonight?
 And if you are so clever then why are you on your own tonight?
 If you're so terribly good looking then why do you sleep alone tonight?
 Because tonight is just like any other night
 That's why you're on your own tonight
 With your triumphs and your charms
 While they are in each other's arms..."

Love is Natural and Real
But not for such as you and I, my love 

Não Sei Viver Sem Ter Você - Cpm 22

Não há mais desculpas
Você vai ter que me entender
Quando olhar pra trás
Procurando e não me ver
Chegou a hora de recomeçar
Ter cada coisa em seu lugar
Tentar viver sem recordar jamais
E se a saudade me deixar falhar
Deixar o tempo tentar te apagar
Te ligar de madrugada sem saber o que dizer
Esperando ouvir sua voz e você nem me atender
Nem ao menos pra dizer...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mais um adeus.

[...]O amor é uma agonia

Vem de noite, vai de dia

É uma alegria e de repente

Uma vontade de chorar...
 
 
(Toquinho e Vinícius de Moraes) 

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Se não pode...

Soneto das Mil Palavras em Silêncio.

Me fiz besta perante você, porque quis
e me coloquei tão sereno frente ás
minhas vontades, que me contento
simplesmente em te ver.

No frio que sopra a espera
espero eu o cotidiano flerte
e a trêmula reação de um
corpo inquieto e silencioso.

Mudo e apenas observando, conto horas em minutos
tento acelerar o relógio e acreditar que seremos um
E o tempo inssiste em emperrar, eu e você.

As coincidências podem não ser coincidentes
mas valeu por tudo, até aqui, você já me marcou
Me contentarei feliz, em continuar te olhando , agora.

André Luiz Gomes Filho

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Da festa á tortuosidade amorosa.

Ele era o anfitrião da festa, fez sala aos seus e recebeu os recém chegados tão bem como em qualquer outra ocasião, naquele ano havia incluído ao seu círculo social mais três ou quatro amigos novos que por circunstância de trabalho ou estudo, cruzaram seu caminho e se resolveram por ficar.
Dentre os novatos, tão bem recebidos e unidos logo aos veteranos amigos do anfitrião, estava eu, cheguei manso, com meu jeito boa praça, fiz amizade com os amigos dele, em breve formaríamos o grupo dos cinco, aqueles cinco que se destacavam por andar ao lado e vivenciar as mesmas coisas que nosso querido anfitrião,este chama-se Giovani.
Giovani cuidou dos detalhes e deixou que o tempo consolidasse a inclusão dos novatos definitivamente ao rall dos seus, ao caminhar dos dias tudo havia se adequado, as moças já sorriam e se divertiam ás piadas e brincadeiras dos novos amigos dele quando Carolina, a vizinha do bloco adjacente ao de Giovani, me pareceu um tanto quanto mais accessível do que as demais amigas de meu amigo.
Assim que conversamos, Carolina mostrou-se comunicativa, não queria que o tempo passasse, que a festa acabasse e que o papo fosse findo, solicitamente uma vez que não hesitei em pedir, ela me passou seu endereço eletrônico, o qual passou a ser então o meu destinatário preferencial, das mais engraçadas e sujestivas mensagens.
Passavam-se os meses, o grupo dos cinco continuava ativo e a amizade com Giovani era intensa, tanto que um romance com Carolina começava, exatamente debaixo das barbas de Giovani, sem sequer que ele percebesse. Certa vez em conversa reservada com Lúcio, amigo de Giovani a mais longa data do que eu, este confissionou-me que Giovani tinha certo apreço por Carolina, e que Carolina em certo momento também demosntrara retorno ao sentimento aspirado por Giovani, decerto o que faltava aos dois era oportunidade, uma vez que o fato existia e estava apenas reservado para que em um dado momento virasse verdade.
Não me consternou a notícia, suspeitar ei que já suspeitava, tanto que de meus amigos, Giovani era o primeiro a quem eu evitava comentar sobre qualquer coisa que pudesse leva-lo a falar sobre Carolina comigo, apliquei ao ouvir de Lúcio tal confissão, a mais profunda frieza que me foi dada no advento de meu nascer, encarei com tal dureza que nem pedra seria capaz de não sentir absolutamente nada, nem dó, nem piedade, frente ao platonismo amoroso de seu mais nobre amigo por aquela com quem me envolvera recentemente.
Sem cessar as investidas, uma vez que o romantismo estava em curso, segui em frente e trouxe á tona um relacionamento fatídico com Carolina, o qual vi e saboriei ver Giovani celebrar como se dele fosse tal feito, passaram quase dois anos e o romance já era findo, no entanto Carolina ainda tinha recaídas e eu nunca fui de negar absolutamente nada, apesar de nada mais sentir por ela, não neguei á mesma a possiblidade de desfrutar de minha companhia quando da solidão em seu seio.
Passado quase um ano, Carolina me solicitou um encontro, não neguei, por lá trocamos alguns beijos, o que pra mim já não fazia diferença, passou a hora, acabou-se a noite, fui-me pra casa e de Carolina decidi não saber mais, assim feito, em menos de 4 meses me veio a notícia de um novo namorico torto e capenga de Carolina com Giovani.
O anfitrião que não era mais meu amigo, que a mim não dava mais festas, que como eu desmanchou-se dos cinco agrupados e que agora celebrava um romance torto numa circunstância torta, que só pode ser contado e contextualizado se eu estiver posto na história, realizou sua postergada vontade incontida, ficou com Carolina.
A exemplo de tudo o que eu já havia visto, ainda mais em termos da volatilidade amorosa das pessoas e da tortuosidade desse relacionamento enviesado, lançei-me uma única questão para qual ainda aguardo resposta:
Quanto tempo dura? Observemos...

sábado, 27 de março de 2010

As pessoas caminham pela praia ou a praia caminha pelas pessoas?

Quem nunca percebeu, os caminhos pelos quais o mar nos leva, os pontos para os quais ele nos conduz, como se quisesse mostrar-nos algo jamais visto ou apenas embaraçar nosso limitado horizonte, confundir nossas viciadas vistas.
Inevitavelmente, ao sentir que o mar nos levou, a reação é instantânea, sem que pensemos duas vezes ou que tentemos reparar no entorno do novo ponto para o qual o mar nos levou, levantamos, procuramos o nosso ponto referencial e retornamos para onde estávamos no princípio de tudo.
Ora pra esquerda, ora pra direita, o mar faz a praia percorrer nossos caminhos, desvendar nossos mais íntimos instintos e aguçar as mais particulares sensações, porém ainda vai mais longe quando tenta nos mostrar um novo horizonte, não simplesmente pra que tornemos ao nosso ponto inicial, mas para que observemos a nova paisagem por ele ofertada.
Tolos somos nós, de visão embaraçada pelo cotidiano, viciada pela rotina que não percebemos que com nossos pés não caminhamos por toda a praia, mas que através do mar, a praia nos percorre, apaixonadamente.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Lenine - É o Que Me Interessa.

Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem.
Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa.
Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido
Só o que me interessa.
A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa.

Milimetricamente, viver.

Se é que me é permitido, vou me Governar por decreto e nas atribuições que me são conferidas, estabeleço que á partir de hoje quero:

Amar de esgotar
Rir de Chorar
Pular de cansar
Chorar de berrar
Ler de enjoar
Escrever até calejar

Estudar de gravar
Aprender pra ensinar
Me permitir, te aceitar
Reconhecer, perdoar
Sorrir sem cessar
Olhar o sol, iluminar

Acender, onde entrar
Resolver, se errar
Resistir, se fraquejar
Vencer sem frear
Fazer-lhe pensar

Esquecer, pra lembrar
Por você, esperar
Com você, festejar
Pra você, cantarolar
Viver, sem me censurar.

E para fins de validade, esta lei passa a vigorar á partir da data de sua publicação.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Abri a Porta - Gilberto Gil / Dominguinhos

Abri a porta,
Apareci,
A mais bonita,
Sorriu pra mim ...
Naquele instante me convenci
Que o bom da vida vai prosseguir
Vai prosseguir, vai dar pra lá do céu azul
Onde eu não sei, lá onde a lei seja o amor
E usufruir do bom, do mel e do melhor seja comum
Pra qualquer um seja quem for
Abri a porta,
Apareci,
Isso é a vida e a vida assim


"Que o bom da vida vai prosseguir
Vai prosseguir, vai dar pra lá do céu azul"

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A incompreensão do ser e do estar.

Diz-se na palavra dos testemunhos de Jeová, que na época em que Jesus esteve na Terra, em sua saga pela pregação da palavra em nome de Deus, defrontou-se com as lastimáveis emboscadas armadas por Satanás, que batia na tecla de que sua passagem seria em vão, esta parte que vos conto pode ser vista nos filmes da Saga de Cristo que anualmente se transmitem durante a Páscoa, Satanás mostrava a Jesus, que as pessoas estavam alí o seguindo, mas que todas se desvirtuariam de sua palavra assim que este não mais se fizesse presente arrebanhando seus irmãos, tentou mostrar a Jesus que a Terra se tornaria uma dura e dolorosa batalha pelo poder, pela gana, pela posse e pela satisfação do ego individual.
Há uma passagem do filme, onde Satanás mostra a Jesus como presságios, uma Terra em guerra, onde mulheres, crianças, idosos e pessoas fragilizadas pela fome e pela miséria, ainda seriam lastimadas pelo ímpeto da Guerra, conduzida pelas mãos dos grandes senhores dominadores, que surgiriam após a partida do grande mestre elucidador das mentes insanas e limitadas, de um povo sem verdades ou caminhos para seguir.
Neste momento, acontece a intersecção entre o que dizem os testemunhos de Joevá e o Filme, relata-se que Jesus, de modo a garantir que com sua ida, ainda poderia arrebanhar seus irmãos, portanto o povo, para o caminho da luz e de Deus, tratou com Satanás um acordo: Jesus concede a Satanás o poderio da Terra, a posse das propriedades e dos lugares físicos onde vivem as pessoas, mas deixa pré-estabelecido que as criaturas, os seres humanos e todo e qualquer tipo de vida nesta Terra de Satanás, pertencerá a ele e ao reino dos Céus.
Pensando por esta passagem, a lógica que nos leva a deduzir, traz consigo a seguinte hipótese:
Se hoje existem guerras, fome, violência, destruição, sofrimento por desastres naturais e situações de extremada vida subhumana, estas ações, seriam fruto do poderio de Satanás  na Terra a que ele foi dada posse e portanto onde vivem os seres de Deus, no entanto, os eventos ruins que se abatem sobre os seres vivos, portanto seriam obras de Satanás, no uso do que lhe foi conferido posse, essa seria a lógica.
No entanto ao pensar assim, incorremos na pergunta óbvia:
"Se os seres vivos e toda e qualquer espécie de vida na Terra, pertence a Deus e ao reino dos Céus, por que estes seres sofrem as mazelas impostas neste mundo?"
A resposta acompanha a lógica do que foi dito acima, Jesus tratou com Satanás, de modo a garantir que teria consigo o poder de continuar iluminando o caminho das vidas humanas, mas Satanás soube conceder bondades e facilidades terráqueas para arrebanhar parte dos seus e no entanto, ainda existem pessoas que resistem aos sofrimentos que tem sido impostos, segurando firme com os propósitos que Jesus vos trouxe e enfrentando as dificuldades, as encarando como novos desafios e as compreendendo como modo de garantir que sua fé estará renovada e que este permanecerá ao lado de Deus e de suas verdades, ainda que Satanás, dono do poder e da Terra, os tente protelar pelo caminho, este seria o propósito, garantir que só os com fé de fato, continuassem seguindo a Jesus em sua ausência.
O que há hoje é portanto uma incompreensão do ser e do estar e sobretudo do por que estar aqui, quando isso tudo é adversidade e quando nada é mais abstrato do que a grande e questionada fé, de um povo que busca uma verdade e um caminho pra seguir, legitimamente...

"O que há é uma grande incompreensão do ser e do estar."