Vivia um aparente descompromisso com a urgência da vida, bagunçava com a imaginação alheia, que fazia da tua idade uma icógnita, ao mesmo tempo em que parecia não viver dramas aparentes, seu olhar era de curiosidade contida, natural e despretenciosa, pouco trêmulo, levemente fixo e pouco compenetrado.
Tinha um ritmo compassado particular e quase único de cruzar sempre o mesmo caminho, rumo ao mesmo lugar, sem receio algum de ser furacão na vida ou na imaginação de alguém. Parecia sempre pouco se importar com o resto, tinha um jeito próprio, um estilo singular e sob medida, uma nítida preferência ao se vestir, repetindo as roupas que quisesse sem se preocupar se sua passagem pudesse ser ou não amorosamente vigiada pelos olhares que sempre se apaixonam pela sua imagem a cada vez que a encontram.
As apostas dos olhares de seu admirador secreto e exposto ao mesmo tempo, observador quase declarado, pareciam nunca perturbar aquele universo particular que havia na sua mochila misteriosa, onde um pedaço de mundo com milhões de revelações de ti, dividiam espaço com o esclarecimento pessoal que aquela mente até então desconhecida devia guardar.
Te via ir, te via voltar, te via sair e te via voltar e as vezes te via ir de novo, reconhecia as roupas com as quais estava quando dentre as tantas vezes, estes olhos se apaixonaram, restando sempre então a espera, uma falsa esperança e a presente companhia da tua ausência.
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